Era uma vez um rei que tinha um filho único que ele amava muito. Esse príncipe era motivo de muita preocupação para o seu pai, pois sempre estava muito triste e insatisfeito. A fim de ajudar seu filho, o rei buscou ajuda de filósofos, doutores e professores que vieram de toda parte do mundo aconselhá-lo. Depois de se reunirem, eles deram a seguinte orientação:

-“Majestade, pensamos, lemos as estrelas; eis o que deve fazer. Procure um homem que seja feliz, mas feliz em tudo, e troque a camisa de seu filho com a dele.”

A partir disso, o rei passou a procurar pessoas que ele julgava que eram felizes e para se certificar que elas, de fato, eram felizes, ele fazia uma proposta para que elas fossem morar em seu castelo. Se a pessoa aceitasse o convite, ele compreendia que ela não era feliz por não estar satisfeita com a vida que levava.

Depois de alguns encontros mal-sucedidos, o rei saiu para caçar. Enquanto ele caminhava pela mata, ouviu um jovem cantando alegremente e pensou: “quem canta assim só pode ser feliz”. Ele se aproximou do jovem e iniciou um diálogo com ele:

– Bom dia, Majestade – cumprimentou o jovem. Tão cedo e já pelos campos?

– Bendito seja você! Quer que o leve comigo para a capital? será meu amigo.

– Ai, ai, ai, majestade,não, não mesmo, obrigado. Não trocaria de lugar nem com o papa.

– Mas por que você, um rapaz tão forte…

O rei entendeu que estava diante de um homem feliz e que sua camisa salvaria seu filho, no entanto, quando o jovem desabotoou seu casaco, o rei ficou decepcionado.
O homem feliz não tinha camisa.


Calvino, I. Fábulas Italianas 1990

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